Sempre me ocorre a lembrança
daquela senhora do Edifício
Master de Eduardo Coutinho,
Esther, que só não tinha se
jogado da janela do
conjugado por um crediário
ainda a quitar. Ela ensina,
entre outras coisas, o
quanto aquilo que Lacan
chama de Outro pode ser
decisivo. O Outro é em
grande parte a cultura,
aqueles dizeres e
experiências que constituem
nosso modo próprio de sentir
e estar no mundo. Definido
às vezes por Lacan como
ordem simbólica, ele é
também um conjunto de regras
inconscientes de conduta que
nos estruturam e se
apresentam a cada vez que
dizemos “isso não se faz”. O
quanto essas prescrições
virtuais parecem estar
postas em movimento de modo
diferente hoje,
especialmente a partir do
Outro que os economistas
costumam chamar de mercado? |
Um-dividualismo contemporâneo - Parte 1 |