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Esta página dispõe de artigos e comunicações de Marcus André Vieira que trabalham diversas temáticas em articulação com a clínica psicanalítica.
Total de 38 textos.


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Prefácio à Psicopatologia Lacaniana II (Nosologia)

O livro trata do sofrimento humano. Busca apreendê-lo em suas sutilezas, complexidades e estranhezas, mesmo as mais terríveis. Seus autores impõem-se o desafio de lidar com o adoecer sem deixar de lidar igualmente com a experiência subjetiva deste adoecimento. Não deixam em nenhum momento de incluir na descrição dos fenômenos patológicos que apresentam, no modo de ordená-los e de compreendê-los, a maneira como a dor atinge quem sofre.


Quando tudo que resiste a se definir ao modo “pão-pão, queijo-queijo” torna-se inimigo e tem que ser destruído, como ainda sermos difusores irônicos de estranheza, catadores de objetos estranhos? 

É o espaço da estranheza e seus objetos que contam. Para isso, não basta procurar o fora de cena, mas sim o ponto em que a cena estremece, a desrealização da cena. É uma desrealização particular que nos interessa.


Resenha da tese de Doutorado de Nuria Malajovich: “Inventar o amor: um desafio na clínica das psicoses” . 

“É vital que a falha onde mora o sujeito da psicanálise seja situada na fronteira do clínico e do político. Ali reside o analista. Nesses tempos em que somos cobertos com uma chuva de objetos de consumo, a fabricação de um saber-fazer com pedaços de real arrancados do Outro do gozo, que constitui a solução psicótica ressalta-se ainda mais preciosa”


Prefácio do livro “Loucura e responsabilidade: Consentimento às Ficções Jurídicas”.

Este livro trata da loucura. O termo aponta, aqui, para aqueles que, mesmo dentro da razão, rompem com suas normas básicas, tomados, de alguma forma, pela experiência delirante. Como alguém pode ser tão lúcido e pensar de modo tão anormal? Como é possível ser tão seguro e tão “fora da curva”? São perguntas habitualmente feitas por quem se encontra pela primeira vez com esses sujeitos.


Sobre a relação do episódio “Be right here”, de Black Mirror com a Psicanálise

O episódio “Be right here” de Black Mirror, leva tão longe a proximidade de Martha e Ash, que temos a impressão de que não faz tanta diferença assim se é um robô ou se é uma pessoa, se é uma máquina ou não, a gente chega no limite do desconforto de pensar que talvez fosse melhor se fosse um robô, porque não? Ele é o amante ideal, o marido ideal, sempre à postos, inclusive nunca nega fogo na cama. Sobre esse episódio, o que dizer do ponto de vista do psicanalista?


Após uma discussão sobre o status científico da psicanálise, o autor, com base nos trabalhos de J. Lacan, examina o valor da abordagem estrutural como método de construção e elaboração de casos.

Defende a idéia de que este método engendra, a partir do relato da história de um tratamento, a constituição de uma teoria cientificamente consistente. O modo de validação desta teoria, fundado por Freud no conceito de «construção», assim como suas implicações para a pesquisa em psicanálise são discutidos e ilustrados por um fragmento de caso clínico.


“A interpretação deve introduzir no texto algo que subitamente torne possível a tradução.”

Tradução do quê? Numa análise tenta-se dizer uma singularidade que não cabe nas palavras. Como traduzi-la, então, no sentido de lhe dar um lugar no universal, de lhe fornecer um mínimo de legibilidade que permita ao analisante sustentá-la em sua vida?


O psicanalista e a máquina.

Sempre há um imponderáel em toda decisão que ultrapassa os dados do probelma A decisão sempre transcende a situação, ela depende de um salto no escuro. Todos supõem que esse salto só poderá ser dado pelo humano. Será?


Versão reduzida: “Do online ao offline”

Quero abordar o ato analítico interrogando as diferenças entre online e offline a partir da tripartição, tática, estratégia e política.


Nesse artigo, uma personagem é abordada. Ela surge do encontro de um diretor de cinema com uma mulher, Estamira.

Da personagem, nada de conclusões universais poderão ser extraídas, e, justamente por isso, sua figura se presta a nos ensinar sobre o que está em jogo para o psicótico quando é preciso passar para o universal e imediatamente inteligível algo do estranho e indizível de uma singularidade. A partir de algumas referências de Lacan, desenha-se qual poderá ser o parceiro a secretariar o psicótico em seu percurso do radical singular ao universal.   


A presença cada vez mais marcante na cidade de uma psicose ordinária

Psicose que é corriqueira, que se apresentaria em sinais discretos, eventualmente imperceptíveis nas situações quotidianas tem nos levado a uma investigação que abarca vários planos.  


Este texto aborda a relação da Psicanálise com a Ciência, a partir de uma leitura lacaniana.

Qual é o objeto da psicanálise e que natureza tão particular é essa que não se inclui na ciência standard?


Sobre a aposta pascaliana e o início de uma análise

O artigo tem como objetivo analisar a utilização que Jaques Lacan faz de um ponto específico da obra de Blaise Pascal, relacionado à aposta em um Deus-infinito. Lacan complementa o estudo da aposta pascaliana com uma referência à graça religiosa como momento inaugural de abertura ao infinito.


Qual o ponto de parada?

“Algo escolheu em mim” o tema dos limites. Todos dizem hoje que é preciso dar limites. Todos gostariam de possuir a chave para isso. Até sabemos porque é tão difícil: declínio dos ideias etc. O difícil é saber estabelecer um ponto de parada na escalada desmedida do consumo, da adição às drogas, ou simplesmente da falta de educação à mesa.


Primeira abordagem do tema dos limites a partir da mesma situação clínica desenvolvida no texto “Limites”, sem ainda a fundamentação desenvolvida por Lacan em seu Seminário 20. 


Resenha sobre Patu, a escritura fonética brasileira do pastout de Lacan.

Não é uma tradução que, fundada no sentido, seria nãotodo. Esse quase neologismo de Ana Lúcia vem bem a calhar, porém, quando se trata, como em seu livro, de fisgar o real do nãotodo sem, contudo, fazê-lo consistir demasiadamente. Afinal, o nãotodo lacaniano marca o lugar do sem lugar, sem corpo, mas ainda assim habitado pelo singular.


De que modo uma análise contribuiria para sustentar o laço social? Em segundo lugar: supondo-se que haja vários, de qual laço estamos falando?


Na indeterminação absoluta do que virá, sabemos ao menos, com cruel certeza, o que fazíamos de nossas vidas até então, descuidados de nosso desejo. 

O sujeito do texto, colhido pela doença no início da epidemia, passa dias em febre e quando se recobra descobre, isolado, um mundo de ruas vazias. Mergulha em uma fantasia desesperada: e se isso durasse para sempre? Essa fantasia, da eternidade do confinamento, revela um dos valores maiores de um verdadeiro acontecimento.


Colocarei em discussão a fundamentação das classificações psiquiátricas atuais, cotejando-as com o modo psicanalítico de categorização.

Gostaria de abordar a relação entre psicanálise e ciência sob um aspecto particular, evitando a complexidade paralisante desta questão com o uso de um exemplo preciso..


Sobre o “efeito poético” a partir do Corvo de Poe.

A poesia realiza o que na interpretação deve-se buscar: suspender as significações imaginárias evitando a armadilha do sentido. Para tentar situar o modo como Lacan circunscreve este efeito poético, examinarei algumas de suas indicações neste seminário utilizando O Corvo de Edgar Allan Poe como ponto de apoio.


Lacan e a matemática

Lacan utilizou em seu ensino, entre outras disciplinas, a matemática. Para exemplificar esse “suporte inesperado” – o do cálculo –, primeiramente investigamos a natureza dos tijolos básicos dessa disciplina – a palavra e o número – para finalmente fazermos a equivalência entre o sujeito em jogo na psicanálise e o zero. 


Prefácio do livro Ódio, segregação e gozo.

Uma análise é uma investigação muito especial de si. Ela assume que as ocorrências da vida contam relativamente menos do que o modo como foram vividas. Apostar, assim, em uma causa subjetiva para o sintoma faz o interesse migrar do acontecido para o imaginado. Ganha lugar de destaque o que antes era quase nada: o fantasiado, o vivido por tabela, por ouvir dizer ou ainda por descuido. 


A lição VI do Seminário da Orientação Lacaniana, de Jacques-Alain Miller, Peças avulsas, trata essencialmente das relações entre fala e escrita, no que concerne à clínica psicanalítica, sob o prisma do último ensino de Lacan e retoma a discussão implícita entre ele e Derrida.


Os princípios introdutórios da formalização de um método de pesquisa clínica em psicanálise que vem sendo desenvolvido e aplicado no Instituto de Psiquiatria – IPUB/UFRJ.

Apóia-se, tal método, em três palavras – pesquisa, psicanálise e universidade – que mais do que definí-lo vêm, na verdade, a funcionar como “chaves” que abrem às questões que de sua formalização e aplicabilidade se depreendem e que nos interessam com rigor examinar.


Sobre dança, gesto e escrita

O presente artigo propõe uma analogia entre a dança, os gestos e a escrita de Hijikata Tatsumi – artista japonês, criador do butô – e a escrita tal como abordada pelo psicanalista francês Jacques Lacan, especialmente a partir de sua noção de gozo, atrelada a uma abordagem específica da noção de corpo. Para tal, debruçamo-nos sobretudo no modo como Hijikata criou o butô, bem como em seu sistema de notação, chamado buto-fu, aproximando-o da teoria psicanalítica, notadamente daquilo que Lacan abordou, com a caligrafia japonesa, como o que chamamos de escrita de gozo. (Com Thereza de Felice)


Método que visa formalizar essa experiência no desafio de sustentar uma clínica psicanalítica e sistematiza-la no âmbito da pesquisa universitária. 


Definida a prostituição de modo geral (por exemplo, trocar sexo por algum pagamento, a que título teria o psicanalista algo a dizer?


Uma questão de método

A ciência moderna se caracteriza mais pela matematização do real que por seu trabalho empírico de formulação e teste de hipóteses. Para estabelecer neste texto as bases de um método de pesquisa próprio à psicanálise – prática clínica por definição –, retomaremos essas noções em detalhe, uma vez que elas não indicam de imediato o lugar reservado ao material empírico na concepção de ciência que delimitam.


Resenha do documentário “A loucura entre nós” de Fernanda Vareille.

Este que aposta em uma transmissão sobre o que é a loucura fora drama, do jornal ou da novela, o que é o cotidiano de um hospital psiquiátrico e de seus sujeitos em suas tentativas de inserção em nossas misérias banais


Texto sobre a carta de Freud em que ele responde a uma mãe angustiada em relação à homossexualidade de seu filho.


Resenha do livro “Cabeça de porco” de MV Bill e Celso Athayde.

MV Bill afirma que vai “montar um projeto social que providencie sessões de análise nas favelas. Não devemos nos espantar com isso, considerando a amplitude do lugar de Freud na cultura por todo lugar do mundo. Ele deixou sua marca aí. Mas será isso suficiente para dizer que ele está sempre vivo no sentido de Lacan? Hoje, será que não seria assim sobretudo em nome de um desejo normatizado pelo sentido edipiano? Será que é isso que MV Bill conclama?  


Seguem algumas reflexões sobre o tema da tradução.

Parto de uma questão específica, mas proponho uma discussão mais ampla. Creio que uma aproximação entre tradução e interpretação pode nos ajudar quando lançamos uma discussão sobre a relação entre os corpos e os discursos, tal como propõem tanto Lacan em seu Seminário 19 quanto o título de nosso próximo Encontro Brasileiro do Campo Freudiano: “Os corpos aprisionados pelo discurso …e seus restos”.


A partir do paradigmático caso freudiano, baseado no livro de Schreber, o artigo destaca a importância, para o autor, da redação e sobretudo a posterior publicação do seu livro autobiográfico Memórias de um Doente dos Nervos (1905/1984).


A relação sexual não existe.

No próprio momento em que o admitimos, porém, nasce o estranhamento, por conta da aparente radicalização a que nos convida Lacan. Estamos prontos a aceitar que o sexo humano seja muito pouco rígido. É mais difícil aceitar que não exista nenhuma orientação natural do homem em direção à mulher e vice-versa. Não tem a ciência, inclusive, fornecido provas do contrário? Não estamos sempre às voltas com notícias de que o amor é determinado, por traços genético-humorais, como na passagem abaixo?  


Ao abordar a teoria da sexuação de Lacan e alguns aspectos da teoria queer, buscamos corroborar com a ideia de que a tensão entre tais campos é extremamente fértil

Este artigo visa refletir sobre diferentes estratégias teóricas que cumprem o objetivo de desestabilizar a compreensão de gênero como algo fixo e estável, referido a um sistema binário.


Sobre o que Lacan chamou de letra.

A presença do Outro pôde ser pressentida não mais a partir do que Lacan denomina fantasia, seu nome para o roteiro de base do teatro pessoal que carregamos conosco. Ele é tecido pelas marcas deixadas pelos encontros que nos constituiram. Nas cenas fundamentais que vão se depositando e que traduzem o que fizemos com o que o Outro fez conosco há algo que pode ser isolado, sempre igual a si mesmo independente dos contextos.


Uma consequência de nossa premissa poderia ser a de que só haveria real a partir do imaginário. É a tônica de hoje.

Se não há relação sexual e se as aparências não só enganam, pode-se acreditar que só há caminho para o real a partir delas.


Resenha do filme “Ou tudo ou nada” de Peter Cattaneo em articulação com o tema do falocentrismo.